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Respondendo 14 dúvidas recorrentes sobre ‘O Senhor dos Anéis’


Em 2014, encerrou-se a produção cinematográfica de O Hobbit, independentemente do amores ou ódio despertado por essa segunda trilogia de Peter Jackson, a quantidade de perguntas ou opiniões, inconclusas, sobre os eventos tratados em Senhor dos Anéis e O Hobbit, ganham novo fôlego. Infelizmente, os curiosos vão buscar as respostas no mesmo lugar  onde surgiram suas dúvidas e se esquecem da rica bibliografia já feita pelo criador de tudo isso, que foi J. R. R. Tolkien. É importante ter cuidado com a bibliografia feita por leitores e estudiosos de Tolkien, uma vez que são, geralmente, conclusões muito pessoais ou puramente superficiais apenas para atender o mercado editorial milionário surgido no início dos anos 2000, sobre a obra de Tolkien.



1- Quem é Tom Bombadil e por que ele não aparece nos filmes?

Tom Bombadil

Tom Bombadil é uma das figuras que mais desperta curiosidade e, desta forma, gera debates acalorados, mas, geralmente, sem nenhuma noção real do personagem, criou-se certo mito caricato sobre Tom; o que para seu próprio criador e seus leitores e estudiosos daria margem a boas risadas. Em O Senhor dos Anéis, sua importância é considerável, quando, durante o conselho de Elrond, é dito claramente que se lhe fosse oferecido o Um Anel, para guardá-lo ou destruí-lo, ele logo o esqueceria ou enjoaria de lhe ter a posse. Só por essa afirmação, já é perceptível o poder e o desprendimento de coisas terrenas que o bondoso Tom Bombadil  possuía. Enquanto narrativa, Tolkien segue o seu velho estilo: capítulos longos e até mesmo um pouco monótonos. Colocar em um filme, de duas horas e meia, um capítulo tão longo e parado como o que trata do Tom Bombadil, seria condenar o filme da Sociedade do Anel a não ter uma aceleração inicial e, provavelmente, ocultar passagens mais importantes do filme. Literatura e Cinema são linguagens que podem ser totalmente diferentes em sua estrutura. A origem de Tom Bombadil, na Terra-média, é tão antiga que nem mesmo o tempo era datado ou contado. Sabe-se que ele chegou à Terra-média, provavelmente, junto com os Valar e antes mesmo que o “inimigo-mor”, Morgoth, chegasse à mesma. Em um tempo quando a terra era jovem. Provavelmente, por essa época, ele conheceu sua esposa, Fruta D’Ouro, que juntamente com Tom, pode ser de alguma ordem de Maiar errante ou, simplesmente, mais uma misteriosa criatura do universo de Tolkien.  O nome Tom Bombadil vem de um boneco holandês, pertencente a um dos filhos de Tolkien, Michael. Ainda há a possibilidade de associá-lo à lendas normando-celtas.

2 – Qual a história das Criaturas Tumulares?

Os hobbits e as criaturas tumulares

Ainda sobre certos seres misteriosos, as Criaturas Tumulares são de causar arrepio em qualquer leitor. Sua origem ainda é muito indeterminada, mas a causa de terem se transformado em seres fantasmagóricos, deve estar ligada a algum tipo de ação que as corrompeu. A região do Condado e da Velha Floresta, no passado, pertencia ao antigo reino Numenoriano exilado do Norte, chamado Arnor, que, diferentemente de Gondor, foi marcado por uma série de guerras civis e ataques liderados pelo reino amaldiçoado de Angmar. Na colina onde os hobbits ficam presos, nas catacumbas, também era lugar de guarda de seres sombrios que tinham a missão de vigiar a região e evitar o ressurgimento dos Dúnedain naquele local. A região torna-se assombrada, após o fim do último reino do Norte e da destruição de Angmar, porém, nos jazigos estão os corpos de reis, príncipes e valentes guerreiros do Norte. No entanto, nunca foi provado que eles se tornaram essas criaturas, uma vez que eram “Fiéis” aos Oeste, mas, nos seus túmulos, também habitam essas criaturas nefastas que podem ser homens e Dúnedains corrompidos. Durante os quase 17 anos entre o aniversário de Bilbo e a partida da Sociedade, a presença dos Nazgûl na região pode ter despertado essas criaturas: meio-matéria e meio-espírito

3- O que são os Nazgûl?

Os Nazgûls em O Senhor dos Anéis

Sobre os Nazgûl, sua presença na obra é importantíssima, pois é um lembrete para aqueles que caíram na armadilha de Sauron. São os mais fiéis e poderosos servos de Sauron. No passado, foram reis dos homens, contudo, saber a origem de todos eles é impossível, pois é mencionado apenas o Rei Bruxo de Angmar, o mais poderoso dentre eles e também Khamul, que em um passado remoto, fora rei dos orientais, provavelmente, repito, provavelmente! Os demais nazgûl são de origem Numenoriana, quando Sauron enganou e maculou o coração dos membros da casa real de Elros e levou a ilha à destruição. A besta alada que leva os Nazgûl, durante a Guerra do Anel, também é uma corrupção da obra divina. Não acreditamos que sejam Águias, mas alguma criatura desconhecida ou não mencionada, que foi descoberta ou melhorada, pelas diabruras de Sauron.

4- Qual é a Ordem de leitura dos livros?

Não existe uma ordem clara de leitura da obra de J. R. R. Tolkien sobre a Terra-média. Hoje são produzidas listas e listas de leituras, sem, contudo, seguir a lógica dos acontecimentos. A ordem seria: O Silmarillion – Os Filhos de Húrin – Contos Inacabados – O Hobbit – O Senhor dos Anéis. Porém, há certo desconforto entre os leitores de Tolkien que começam a ler logo O Silmarillion… Então, o mais prático seria ler O Hobbit e  O Senhor dos Anéis e só depois, partir para O Silmarillion.

5 – O que houve com os magos da ordem de Gandalf, os Istari?

A ordem dos Istari é (ou foi) formada por Saruman, Gandalf, Radagast e mais dois Magos Azuis, Alatar e Pallando, que foram enviados para o Leste, e de lá nada mais se falou. Já foram levantadas as mais absurdas teorias sobre o seu destino, porém, o mais lógico é que tenham sido mortos ou ter se desviado da sua missão; assim como Radagast, que preferiu os animais e a floresta a ter que ajudar aos homens, na luta contra Sauron.

6 – Qual a utilidade do cajado de Gandalf?

Como toda estória de magos, a presença de cajados é quase que obrigatória. O cajado sempre representa uma espécie de “mando” espiritual, onde aqueles que o possuem, têm o direito de usar ou representar em nome de outro Ser o seu poder. Quando Gandalf, o Branco, quebrado o cajado de Saruman das Muitas Cores, o poder espiritual da ordem habita em Gandalf , e não mais em Saruman.

7 – Quando exatamente começou a traição de Saruman?

Saruman e Grima em O Senhor dos Anéis

Nada pode ser comparado com a traição de Saruman. Na sua loucura, ele acreditou que poderia substituir Sauron e tornar-se, ele, o senhor da Terra-média. No passado já perdido, Saruman e Sauron foram aprendizes do mesmo Vala, sempre gostaram da arte de criar, e nisso, pelo seu gosto pela alquimia, Saruman sempre buscou ter a posse do Um Anel, para assim, subjugar as forças de Sauron para si e tentar rivalizar com este, porém Sauron logo percebe sua intenção, durante a Guerra do Anel. Datar com exatidão o momento da traição é difícil, mas foi dada a Saruman a responsabilidade de chefiar o Conselho Branco e estudar formas de destruir mais facilmente o Um Anel.  Tornando-se perito neste conhecimento, cometeu a fatalidade de desejá-lo. Quando ocorre o ataque a Dol Guldur, em 2.941 da Terceira Era, ele acelera seus planos, pois duvida do poder de Sauron de voltar à forma física sem a posse do Um Anel.

8- O Que são Wargs?

Wargs são lobos selvagens. No filme O Senhor dos Anéis: As Duas Torres, sua semelhança está mais para uma hiena gigante do que um lobo. No History é mencionado indiretamente que podem ser descendentes do maligno Carcharoth; mas a influência dos lobos com a Mitologia Escandinava é muito mais clara.

9 – As aranhas de O Hobbit e Laracna são filhas de Ungoliant?

Bilbo contra aranha em O Hobbit

Sim, todas as aranhas são filhas-netas e talvez bisnetas de Ungoliant.

10 – Como surgiu a rixa entre os anões e os elfos?

A rixa entre anões e elfos tem origem na Primeira-Era. Os elfos que não foram para Valinor, conseguiram ter um relacionamento melhor com os Anões, porém, a posse de uma das Silmaril, pelo reino de Doriath, leva à discórdia entre os anões de Nogrod, até ocorrer o massacre e destruição desse reino e dos anões.

11 – Como eram as anãs?

Sobre as Anãs, sim! Elas existiam e tinham barba! Porém, como são poucas e eram os poucos casamentos entre os Anões, esta era uma raça, infelizmente, condenada à extinção natural.

12 – Qual é a história dos Drúedain, povo que auxilia os cavaleiros de Rohan, a chegar em Gondor?

Os Drúedain são uma primitiva etnia de homens, que habitavam o centro da Terra-média. Não possuem os refinamentos culturais ou lingüísticos, como o povo de Rohan ou de Gondor. Não possuem um estado organizado, porém possuem uma realeza tribal. Sempre foram perseguidos por homens e, principalmente pelos cavaleiros de Rohan. Suas passagens secretas pelas Florestas facilitaram a passagem da cavalaria de Rohan para Gondor, em troca da paz e posse das terras das florestas nos sopés da montanha.

13 – Sobre o Um Anel.

Frodo e  o Um Anel

A criação do Um Anel tem, basicamente, duas funções práticas: a primeira delas foi a de tentar igualar-se ao sentido original de tudo: O Criador, nesse caso, Eru Ilúvatar. A raiz cristã no livro é muito forte, Sauron, sendo servo de Melkor, da mesma forma que ele, não possuía poder de criação – o máximo que podia fazer era corromper o que foi feito pela graça divina. O Um Anel, ao mesmo tempo, concentra e aumenta o poder de Sauron, pois é o anel mestre dos que foram dados aos reis, homens e anões; os três anéis élficos não foram feitos por Sauron e nem ele jamais os tocou. Como foi comprovado, todos o podem tocar, porém somente Sauron podia controlá-lo, pois o anel foi feito a partir da sua essência. A desfiguração física que Bilbo e Frodo sofrem ao usar o Um Anel é normal, pois a feitiçaria, que lhe produziu, emana não do mundo material e sim do espiritual, onde Sauron, Elfos e os Valar têm mais consistência. Isildur também ficou invisível quando o usou, e Smeágol o usava para caçar aves e peixes, além de matar orcs para se alimentar.

14 – Afinal, sobre o que é O Senhor dos Anéis?

Antes mesmo de pensar qual a “mensagem” do Senhor dos Anéis, vamos lembrar que os contos que levaram ao O Silmarillion, têm um viés mais acadêmico, pois ali está a justificativa linguística e filosófica da obra de J. R. R. Tolkien.

No Senhor dos Anéis, os temas tratados são muitos, há a clara presença do fator diluído cristão na obra;  porém, não há como encontrar um objeto ou personagem centrado disso, pois todos contêm, em menor ou maior grau, ensinamentos básicos do Novo Testamento. Há também, sem dúvida, uma menção clara da crítica ao Totalitarismo e ao Mal Moderno, que correu junto com a escrita do livro, cujos esboços originais começaram antes da Segunda Guerra. O Um Anel não é a bomba atômica, nem Sauron ou Sarumam são Stálin ou Hitler, porém foi um acontecimento, infelizmente, causal no período em que o livro foi escrito. Contudo, o principal ensinamento passado pelo Senhor dos Anéis é puramente literário, para a tristeza, talvez, de alguns muito imaginativos fãs. O épico moderno tomava caminhos totalmente diferentes do passado grego-medieval que agradava a Tolkien; ele mesmo detestava a produção literária do século XX – o que lhe poupava tempo para ler o que gostava e dar munição aos seus críticos, com os quais ele pouco se importava. A estrutura do Senhor dos Anéis é o ápice da narrativa do autor, esteticamente, é o seu romance adulto mais bem escrito e editado e, hoje, parece estranho, mas, até os anos 60 e 70, histórias medievalistas eram tidas como mortas – o sucesso do livro de Tolkien ajudou a quebrar esse muro, que se construía no século XX. O Senhor dos Anéis é uma das maiores contribuições literárias do século XX, é um projeto de uma vida inteira. Depois de sua publicação, Tolkien novamente recomeça a editar O Silmarillion, que, pelo que se pode encontrar no History- seguindo o seu pensamento enquanto estrutura e temas tratados-, seria, provavelmente, o maior épico depois da Ilíada e Beowulf, escrito em pleno século XX!

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